terça-feira, 22 de julho de 2008

Capitulo 7

Mãe: Então, como está a correr a escola? Ainda não tivemos tempo para conversar.
Sara: Está tudo bem, como sempre esteve em Portugal.
Mãe: E já fizeste muitos amigos?
Sara: Não muitos, só os rapazes da banda. Um deles está na minha turma, é chato que se farta, mas o irmão dele é muito simpático, ele tem-me ajudado. O G e o outro têm-me ajudado na adaptação, são mais velhos.
Mãe: Vais fazer muitos mais amigos, verás. E, quem sabe, ainda arranjas aí outro namorado.

Ela tinha-me tocado na ferida.

Mãe: Desculpa filha, mas acho que já está na altura de te desprenderes um bocado dos teus amigos de Portugal, e principalmente dele.
Sara: Vou tentar. Estou cansada, vou até ao meu quarto.

Levantei-me da mesa.

Mãe: Sara. (olhei para trás) nós vamos passar o fim-de-semana fora, vais passá-lo com o Georg, se não te importares, vamos com os pais dele.
Sara: Na boa. (continuei) Ah, arrumei o sótão, os rapazes ajudaram-me.

Subi para o meu quarto. “Passar o fim-de-semana com o Georg… Só espero não ter de aturar o Tom.”
No sábado de manha os meus pais saíram cedo, não dei conta de saírem, deixaram-me um bilhete de cima da mesa da cozinha.

“Tivemos de sair cedo, desculpa não nos despedir-mos de ti, porta-te bem com o Georg, anda sempre com ele e com os outros rapazes da banda, não andes por aí sozinha. Beijinhos, Mãe.”

“Um bilhete… Brutal”

Acordei cedo, normalmente acordava sempre à hora de almoço, não tinha nada para fazer, e o G ainda devia estar a dormir. Fui dar uma corrida, logo de manha, para me espairecer, e descansar também, estava saturada, e ainda só tinha passado a primeira semana de aulas.
Como sempre peguei no mp3 e saí. Olhei para a casa do Georg (ele vivia mesmo em frente), estava tudo fechado. “Deve estar dormir, como sempre”. Dei uma voltinha pelo bairro, com a música nas alturas, nem dei conta do tempo passar. Quando me apercebi das horas já era hora de almoçar. “Ups, o G deve estar à minha espera, combinámos almoçar os dois em casa dele.” Regressei, ainda tinha de tomar um duche. Assim que entrei em casa fui logo para debaixo do chuveiro. Estava quase a sair quando ouço a campainha “Oh God, quem será agora?”
Fui em toalha abrir a porta, a seja lá quem fosse, mas eu devia estar com um estilo brutal. Fui a secar o cabelo com a toalha pelas escadas abaixo, sempre fui muito distraída, por isso nem me dei ao trabalho de olhar pelo buraquinho que a porta tinha para se ver quem estava lá fora, abri logo.

Sara: Seja lá quem for que entre que já estão à minha espera.
- Há imenso tempo.

Era aquela voz outra vez, não sei porquê, mas sempre que a ouvia sentia um arrepiozinho. Já sabia quem era.

Sara: Ah, és tu Bill. Que estás aqui a fazer?
Bill: O Georg mandou-me cá para ver se ainda demoravas, estamos todos à tua espera miúda!
Sara: Desculpem… Fui dar uma corrida e não dei conta das horas passarem. É só arranjar-me, não demoro nada, se quiseres espera aí.
Bill: Tens de parar de abrir a porta assim, sem veres quem é e de toalha.

Estava a meio das escadas, já nem me lembrava que estava em toalha.

Sara: Pois… vá, vou-me vestir, desço já.

Ele sentou-se no sofá, ligou a televisão e ficou ali. Eu sorri, e corri para o meu quarto. Não demorei muito a arranjar-me e 15 min. depois já estava na sala outra vez.

Sara: Vamos? Estou esfomeada.
Bill: Eu também, estávamos há imenso tempo à tua espera.

Fomos para casa do Georg, ele devia estar furioso comigo. Foi o Gustav que nos abriu a porta.

Gustav: Estava difícil vires hein miúda…
Sara: Atrasei-me. Mas já aqui estou…

Entrámos, o G e o Tom estavam na sala.

Sara: Olá G!
Georg: Finalmente!
Tom: Já nem se fala…
Sara: Olá Tom (pouco entusiasmo)
Tom: Aposto que cumprimentaste o Bill com muita mais simpatia.
Sara: Se fosses como o teu irmão, fazia-te o mesmo. Já me basta aturar-te na escola, não me tortures também aos fim-de-semana.
Georg: Por falar nisso… Vais dormir cá hoje certo?
Sara: São as ordens que tenho -.-‘
Tom: Tão meu? A miúda nova já vem dormir a tua casa e não dizias nada? Que grande coincidência hein… nós também cá vamos dormir… Eu e o meu maninho puqanino xD
Sara: G?!
Georg: Esqueci-me desse pormenor…
Sara: Está bem… Vou dormir numa casa enorme com 3 rapazes… (sim, a casa do Georg era muito grande mesmo)
Bill: Até acho melhor que durmas aqui, da maneira como hoje foste abrir a porta é perigoso estares sozinha.
Tom: E que maneira foi essa?
Sara: Não te interessa.
Georg: Interessa sim! Como é que a minha revoltada te foi abrir a porta?

Bill: Abriu, simplesmente, nem viu quem era, disse para entrar sem saber quem era, e ainda por cima estava em toalha!
Georg: Sara?! Passaste-te? Imagina que não era o Bill mas sim outra pessoa!
Sara: Realmente tens razão… Se fosse o Tom já me sentia ameaçada.

Todos riram, o Tom ficou de trombas comigo, mas aquilo logo lhe passava.

Sara: O que é o almoço?

(tocam à campainha)

Todos: Pizza!!

Eles só comiam fast food, era uma coisa impressionante, mas eram tão magrinhos… Almoçámos e eu já estava farta de aturar o Tom, era tão chato (-.-‘) e nem percebia uma indirecta.

Sara: Que vão fazer agora?
Todos: Jogar!
Sara: Estão a gozar comigo?! Eu não limpo nada Georg Listing, já te estou a avisar!
Tom: Mas em casa quem veste as calças são os homens.
Sara: Oh seu machista de sheisse, andas a ver assim tão mal para ainda não teres reparado que eu também estou de calças? (eu tinha percebido a indirecta)

Todos riram. O Tom não me respondeu.

Bill: És a primeira miúda que deixa o Tom sem resposta. Por onde andaste tu durante este tempo todo?
Sara: Em Portugal…

Fiquei triste, e o Bill tinha reparado.

Bill: Desculpa.
Sara: Não faz mal, tenho de me mentalizar que não volto lá, não vou voltar a estar com os meus amigos, nem com ele… Tenho de me desligar de tudo o que deixei para trás… Mesmo que isso me custe muito.
Gustav: Não penses mais nisso. Eu vou arrumar aquilo.

Sara: Eu ajudo-te. A única coisa que gosto de ter desarrumada é o meu quarto.

Fomos os dois para a cozinha enquanto que os outros ficaram na sala a jogar.

Gustav: Tens muitas saudades de Portugal não é?
Sara: Muitas mesmo. Tenho principalmente saudades das pessoas, dos meus amigos, dele…
Gustav: Aqui também podes ter amigos como lá, e, quem sabe, te apaixones por alguém.
Sara: Aqui?! Duvido mesmo que me vá apaixonar… Amigos só tenho vocês os quatro, as outras pessoas tenho a impressão que me odeiam, por isso duvido mesmo que me apaixone aqui.
Gustav: Não digas isso… Talvez sintam só inveja por seres nossa amiga, ou por seres a miúda nova a quem todos dão atenção. No outro dia ouvi uns rapazes a comentar a tua chegada, e a dizer que eras bastante bonita.
Sara: Deviam estar a falar noutra pessoa.
Gustav: Que eu saiba a miúda nova és tu.
Sara: Pois… Vamos mudar de assunto.
Gustav: Não ignores aqueles que te rodeiam, venera-os, apoia-os, e está atenta porque na maior parte das vezes o grande amor está mesmo ao nosso lado e nós nem damos por isso.
Sara: Que queres dizer com isso?
Gustav: Nada, pensa no que te disse.

E saiu, com esta conversa toda já tínhamos tudo arrumado. Aquilo meteu-me a pensar… Fui até à sala ter com eles. Estavam a jogar um jogo qualquer de corridas. Sentei-me no chão, como sempre fazia.

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