Capitulo 3

Não fazia ideia de quem seria, mas também não me importava. Ele lá me explicou como era a escola em Leipzig, disse-me que havia muitos grupos, mas eu depois iria perceber o que ele estava a dizer.

Primeiro dia de escola em Leipzig – Parecia uma criancinha que vai para a escola pela primeira vez. Vesti o habitual, nunca fui de me produzir muito, desde que andasse vestida estava feliz. Peguei na mochila e na minha guitarra acústica, andava sempre com ela. O meu pai deixou-me à porta da escola: era bonitinha, moderna, diferente da que tinha deixado. Fiquei parada a olhar, olhava em meu redor, não conhecia ninguém, e todos me olhavam de lado. Umas raparigas de mini-saia passavam por mim, segredavam qualquer coisa e depois riam-se descontroladamente. Não liguei. À frente da escola havia uma relva cuidada, muita gente se sentava lá. Sozinha, sentei-me também e comecei a tocar. Quem passava por ali devia pensar que eu era uma mendiga, mas eu tinha deixado de ligar a isso há muito tempo. Passado um bom bocado alguém se sentou ao pé de mim, como no primeiro dia naquela cidade. Era novamente o Georg, o meu protector.

Sara: Quando perdes a mania de te sentar ao lado das pessoas sem estas darem conta?
Georg: Acho que é uma das manias que não se perde.

Sorri, ele fazia-me lembrar os meus amigos, aqueles que abandonei. Tocou para a entrada, ele levou-me até à sala onde eu ia ter aula. Prometeu-me uma visita guiada à escola. Ele era mais velho que eu dois anos, andava no 12º ano, faltavam-lhe algumas disciplinas. Prometeu também conhecer ainda hoje os restantes membros da banda. Só tinha visto uma foto deles, e acho que estavam diferentes, sabia que dois deles eram gémeos, tinham a minha idade, o outro era um ano mais velho que eu, também andava no 12º ano, como o Gerog.

Georg: É aqui, depois quero saber tudo.

Piscou-me o olho e deu-me um beijinho na testa. Fez-me recordar o meu ex, quando ainda não namorávamos, ele dava-me sempre beijinhos daqueles.

Sara: Combinado.

Ele continuou, eu fiquei ali, a ganhar coragem para entrar. Essa coragem apareceu, entrei, parecia já estar lá a turma toda. A professora organizava os alunos por números, em mesas de dois. Eu fiquei sozinha, no fundo da sala. “Assim é melhor, não tenho ninguém para me distrair”. Mal eu sabia o que me esperava…

Entrou um rapaz lindo, com rastas no cabelo louro. Todas as raparigas da turma suspiraram ao vê-lo. Achei aquilo uma parvoíce, era apenas um rapaz jeitosito. Chamava-se Tom, todos o conheciam, pelos vistos todos se conheciam naquela turma, eu era simplesmente a miúda nova. Por mal dos meus pecados o tal rapaz sentou-se ao meu lado.

Tom: Então, não vais fazer um grande escândalo?
Sara: Oh rapaz, eu nem te conheço! Nunca te vi…
Tom: És de cá?
Sara: Não, mudei-me nas férias, sou de Portugal.
Tom: Bem me parecia…
Sara: Desculpa?
Tom: É tua? (olha para a guitarra)
Sara: É porquê? (arrogância, não conhecia o rapaz de nenhum lado para ele já estar com aquela conversa)
Tom: Por nada, eu também toco…
Sara: Ainda bem para ti.

Ele ia a dizer qualquer coisa, mas nessa altura a stora começou a falar.

Prof: Bem-vindos a mais um ano lectivo. Como já devem ter reparado temos uma aluna nova na turma. (todos olhavam para mim, as raparigas com ciúmes por estar sentada ao lado do tal Tom que todas elas veneravam, os rapazes com curiosidade) É a Sara, veio de Portugal e espero que a tratem bem.

Continuavam a olhar para mim, começava a ficar envergonhada. Passei a aula toda a fazer rabiscos no caderno. Apesar daquele marmanjo estar ao meu lado mal falava para mim, estava rodeado de raparigas -.-‘. Eu simplesmente ignorava. Toque de saída. “Finalmente”, pensei. Peguei nas minhas coisas e saí da sala. Fui a correr até àquele pedacinho de relva que tinha conquistado. De repente, choquei com algo, ou alguém…